Chega de slogans, é hora de agir contra a fome, conclama Papa Leão XIV
Domingo 30 de Junho de 2025
Em sua primeira mensagem à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), durante a 44ª Sessão da Conferência do organismo, o Papa Leão XIV fez um forte apelo por ações concretas no combate à fome e à má nutrição que afetam milhões em todo o mundo. A conferência ocorre no ano em que a FAO celebra seu 80º aniversário.
Com palavras firmes e críticas diretas à inércia global diante da tragédia da fome, o Pontífice afirmou que “a Terra tem capacidade para produzir alimentos suficientes para todos os seres humanos, mas tantos pobres continuam sem o pão nosso de cada dia”. Ele alertou que o agravamento da insegurança alimentar torna cada vez mais distante a meta de “Fome Zero” da Agenda 2030.
Fome como instrumento de guerra
Um dos pontos mais contundentes da mensagem foi a denúncia do uso da fome como arma de guerra. “Matar de fome a população é uma forma muito barata de fazer guerra”, declarou o Papa. Ele destacou que a destruição de plantações, o roubo de gado e o bloqueio de ajuda humanitária se tornaram táticas comuns de dominação em conflitos armados conduzidos por grupos civis.
Leão XIV também criticou duramente a impunidade diante de tais práticas: “Enquanto os civis emagrecem pela miséria, as elites políticas engordam com a corrupção.” O Papa pediu limites claros e sanções internacionais para combater esses abusos.
Fim da era dos slogans e promessas vazias
Segundo o Papa, o tempo das palavras vazias precisa acabar. “É imperativo passar das palavras às ações, encerrando de vez a era dos slogans e das promessas enganadoras”, afirmou, convocando os líderes mundiais a agirem com coragem e responsabilidade, especialmente em relação às futuras gerações.
Para Leão XIV, é inaceitável que a inação de hoje transfira às crianças de amanhã um mundo mais desigual, faminto e injusto.
Fome, crise climática e desigualdade: um ciclo perverso
O Santo Padre também destacou a conexão entre sistemas alimentares, crise climática e desigualdade social. Ele lembrou que a degradação ambiental impacta diretamente a segurança alimentar, agravando a situação de populações já vulneráveis.
“Não basta produzir alimentos. É fundamental garantir que os sistemas alimentares sejam sustentáveis e proporcionem dietas saudáveis e acessíveis para todos”, afirmou o Papa, propondo um modelo que una ecologia integral e justiça social.
Dinheiro para armas, não para alimentos
O Pontífice fez ainda uma crítica contundente ao desvio de recursos financeiros e tecnológicos para a indústria bélica, em vez de serem aplicados no combate à pobreza. Ele condenou a polarização ideológica global, que, segundo ele, “esfria relações humanas, deteriora a comunhão e destrói a fraternidade”.
Chamado à fraternidade e à paz
Encerrando sua mensagem, o Papa Leão XIV exortou a comunidade internacional a tornar-se “artesã da paz”, agindo pelo bem comum e pelos mais vulneráveis. Ele assegurou que a Santa Sé seguirá comprometida com a concórdia entre os povos e com a superação da miséria por meio da cooperação fraterna.
“Jamais foi tão urgente como agora que nos tornemos artesãos da paz”, concluiu, invocando a bênção de Deus sobre os trabalhos da FAO e desejando que os frutos da conferência revertam em benefício dos desvalidos e de toda a humanidade.
Fonte: Vatican News
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